sexta-feira, 22 de junho de 2007

Lua Luana

«Hei, ó Mizé passa ainda essa foto, eu também quero ver.»
«Espera Mingaxi, a Suzete pediu primeiro.
«Calma meninas, ainda tenho aqui dois álbuns»
«Passa aqui Lua, a Mizé assim já vai querer ver primeiro.»
«Calma miúdas, calma, há fotos para toda gente ha! ha! ha! ha. Vá, façam fila, organizem-se por ordem alfabética, quando eu chamar respondam “PRESENTE” Ha! Ha! Ha!

Depois de muitas horas, as mocinhas tinham acabado de ver as fotos todas. Luana contou tudo às amigas e fê-las sentir-se como se tivessem estado lá também.

«Foram três meses maravilhosos, conheci muita gente bonita e famosa.»
«Dá licença..mana não vai nada? Tem fuba, tomate, gimboa, cenoura e..»
«Não vai nada mana. Obrigada. Fogo assuntei-me, já nem posso mais ficar aqui esticada no sofá a sonhar com a minha viagem. Aka, essa zungueira também.»

«Alô Mingaxi, então como é que ficou aquela cena?»
«O bodó lá no Projecto Boa Vida? Está em dia, mais logo atiro para ti, primeiro tenho que confirmar a boleia.»
«Tasse bem. Beijo»
«Beijoca.»


«Então Mingaxi o Mané aceitou te dar boleia assim mesmo sem lhe dares nada em troca? Nem uns beliscos nem nada? Ha! ha! ha!»
«Xé, o gajo é bwé aceso achas mesmo que ele não tentou nada? Dei-lhe uns beijinhos de leve, não custou nada, ele até é jeitosinho, e eu estou solteira mesmo, ele também. Amiga olha o Gomes, o fotógrafo da Revista Xipala.»
«Ya é ele mesmo.»
«Vai ainda falar com ele para nos tirar uma fotografia, mas é para sair na revista e não para ficar na colecção dele, hoje caprichei no visual e seria fixe sair na revista, não queres sair? Vai lá, ele não é teu amigo?»
«Ya, quer dizer eu o conheci num desses eventos, mas ele não é meu amigo, é só um conhecido, mas vou lá falar com ele, calma ai ele ainda está a falar com o General Canhão, depois vai lá.»
«Vai lá agora, o General também é teu amigo, já almoçaram juntos e tudo.»


Naquela mesma noite, as duas amigas conseguiram ser fotografadas, e foram todas felizes para casa pois em breve sairia a foto delas na Revista Xipala.
No dia seguinte as 9 horas, Lua recebeu uma visitinha surpresa.

«Bom dia menina.»
«Bom dia Dona Minerva.»
«Então já se esqueceste que tens que me pagar, acabou o sonho, é melhor acordares, estas no Popula e não em Joãosburgo ou Joanasburgo ou kié, foste lá nas tais passagens de modelo na África do Sul, te pagaram bwé de dinheiro e a mim não pagaste ainda.»
«Mas. Eu cheguei na quinta-feira a noite e ontem a Dona Minerva não estava em casa, eu ainda perguntei ao Zézé ele disse que a Senhora não estava.»
«Ai é?»
«Sim.»
«Mas já cheguei, sai mesmo agora no óbito da cunhada da prima da minha irmã da Igreja, e aproveitei já vir pedir o dinheiro que estas a me dever.»
«Eu fui mesmo ontem procurar a Dona Minerva para pedir mais uma semana, só até me pagarem lá na Agência.»
«Mais uma semana? Ficaste três meses fora, agora queres mais uma semana? Estas maluca ou kié? Tenho que pagar também as minhas dívidas, estava a contar ir mesmo já hoje acabar de pagar na Marta o dinheiro da Kixikila que fizemos, esse mês é minha vez de pagar, agora vou chegar lá sem dinheiro, ela vai já me espalhar nas outras para não fazerem mais negócio comigo porque sou kilapeira, já sei mesmo que ela anda me falar, esse também era já o último mês de kixikila não quero mais nada com ela, granda fofoqueira intriguista, nem sabe ainda se reparar primeiro bem feia parece macaco, bem escura tipo carvão, nariz bem grande, corpo tipo embondeiro. Mas menina não faz isso, eu preciso do dinheiro ainda hoje ou amanhã pelo menos.»
«Dona Minerva, não tenho agora, ainda nem me pagaram o pelo desfile que fizemos em Maputo e em Joanesburgo, a minha Agência também atrasa muito com os pagamentos, eu até também já quero sair de lá, mas só que já sou antiga lá então nas viagens sempre me escolhem.»
«Eu não quero saber, amanhã as dezoito horas estou a vir buscar o dinheiro, pede nas tuas amigas ou na tua patroa ou patrão, epá não sei também, aquele panina do teu chefe tem nome de mulher, se é Sasha se é o kié também.»
«Mas Dona Mi..»
«Meninéééé não quero ouvir, amanhã estou a vir.»
«Ai meu Deus, essa senhora é mesmo terrível.»

«Alô Mingaxi, podes passar aqui em casa agora?»
«Xé, estas a fazer o quê acordada a essa hora? Tu que chegaste a casa as sete horas da manhã, me deixa dormir, se já não tens sono a culpa não é minha.»
«Aié, tas bwé armada? Vem só amiga estou com um pequeno probleminha, quer dizer estou com um grande problema, vem lá vamos tentar resolver juntas. Ajuda ainda a tua amiga do coração, já esqueceste que te trouxe uns ténis da Puma? Quando viajar mais vou trazer coisas para Mizé e para ti não. Vais ver. He! he! he!»
«Ai é? Podes dar na tua amiga fofoqueira que anda a te espalhar que namoras com o marido da tia dela, fica já com ela.»
«O quê? Xé não me traz mais azar do que eu já tenho, conta bem isso.»
«Fogo, estou a dormir, logo te conto ya? Vamos já falar de tudo, de todas as makas e vamos resolver, mas agora vai dormir, lá para ás dezasseis horas estarei ai ya? Beijo.»
«Mingaxi. Alô, alô, eh! Desligou mesmo. Aka.»


Eram dezasseis horas e 45 minutos, e já a Lua tinha contado a Mingaxi o que se passara naquela manhã.

«Lua vai mesmo falar com o Sasha, quer dizer com a Sasha, diz que estas a precisar do dinheiro e que é urgente, que a dona do quartinho já está a te cobrar e que ameaçou te pôr na rua, acho que ele vai entender.»
«Hum, não sei, ele diz sempre que os clientes não pagaram, ora porque os patrocinadores ainda não honraram com o compromisso, epá não sei bem.»
«Tenta só.»
«Ya vou ainda ligar para ele e perguntar se podemos passar lá na casa dele ainda hoje.»
«Ya, liga.»

«Alô, Sasha, é a Lua.»
«Então? Estas boa minha linda?»
«Mais ou menos Sasha, liguei para perguntar se posso passar pela tua casa ainda hoje, gostaria de falar sobre um assunto um bocado delicado.»
«Delicado porquê? Quem morreu?»
«Não morreu ninguém, mas é um assunto urgente.»
«Olha minha querida estou longe de Luanda, vim visitar uns amigos e só volto amanhã, perdeste a viagem minha fofa.»
«E não posso passar aí então? É mesmo urgente Sasha.»
«Hei menina, se ninguém morreu, então está para morrer, porque essa urgência toda só pode ser caso de vida ou morte, estou aqui a relaxar não me venhas com problemas está bem. Amanhã assim que chegar à cidade falamos. Um beijinho e fica calma. Beijo beijo.»
«Alô Sasha.. Ai meu Deus, hoje só me desligam o telefone na cara.»

«Então Lua, o que foi que a Sasha disse?»
«Olha, minha linda, estou fora da cidade, perdeste a viagem, falamos amanhã beijinhos, fica calma esta bem.»
«Ha!ha!ha!ha!ha
«Mingaxi isso lá é hora para rir? Eu aqui com as minhas dívidas, toda preocupada e a miga que chamei para me ajudar esta com gracinhas.»
«Calma, estas muito stressada, a Sasha tem razão.»
«Fogo. E como se não bastasse ainda vou apanhar porrada atoa da mulher do General, vou ficar em cinzas, aquela cavalona se me senta fico em pó, eu toda palita...mas então que estória é essa Mingaxi? Quem falou o quê?
«Eh! Amiga, a Mizé falou com uma vizinha dela que na festa de aniversário da prima dela, naquela festa do Projecto lembras-te? Falou que o Tio dela fez bwé de perguntas sobre ti e que já te viu na Revista Xipala e que cruzou contigo no shopping lá na África do Sul e que vocês dois almoçaram juntos e que estas interessada nele, e não sei que mais.
«EH! Aka, aka, aka, eu interessada nele? Almoçamos sim porque ele insistiu muito, ele até estava com um amigo, mas que depois teve que sair de repente, e por acaso não dizia coisa com coisa, inventou uma desculpa qualquer, aposto que o tal Canhão lhe deu o toque para tirar o pé, para ele poder me cantar a vontade. E eu toda burra só a mostrar os marfins a toa, porra ainda bem que não aceitei ir para a casa dele. Ele me convidou para jantar no dia seguinte, mas a sorte é que havia desfile, o gajo foi mesmo assistir e estava a lançar uns olhares, depois já nem lembro bem, acho que ele elogiou-me e parabenizou-me por ter ganho o prémio de modelo revelação, e ainda deu-me o cartão dele e disse para ligar para quando quisesse e que se precisasse de alguma coisa enquanto estivesse lá podia ligar para ele, e mesmo aqui em Luanda também. E por ser armada em bem educada me espalharam que estou a andar com ele? Aka aka aka.»
«É verdade Lua, parece que a tal Mizé anda com o senhor que estava com o General Canhão lá na África do Sul no dia em que vocês se encontraram, e ele contou a Mizé que foi já falar com uma vizinha dela que parece que é a mais fofoqueira do Bairro Operário. Já viste se a Tia da Mizé ouve, dizem que a Dona Feiota é terrível, bwé matumba, e o tal Canhão parece que também é igual, dizem que é um bocado arrogante e que quando põe uma garina na cabeça tem que conseguir o que quer senão não descansa, e a tal mulher desconfia ou sabe dos casinhos dele com as miúdas, então ataca sempre, chama nomes, dá porrada e faz um montão de escândalo..também pudera perder o marido assim a toa, o gajo está podre de rico, e ela gosta de exibir-se, mostrar que tem, que pode, que faz e desfaz, porque o marido é General, as tais filhas também são assim, não viste mesmo a aniversariante armada em chique, bwé feia, e veste a toa, com tanto dinheiro que tem. Lá porque viveu em Portugal, nem sabe escrever em condições vai ainda no hi5 dela bwé de erros, aqueles amigos todos famosos que ela convidou para a festa dela, só foram por ela ser filha de quem é, mesmo o namorado dela é bwé interesseiro, arranjou já um mulato não sei se quer adiantar a raça ou kié se calhar vai salvar os filhos dela, vão ter nariz bonito e boa cor, mas se saírem só com o nariz dela wawe.. Ha!ha!ha!
«Ha!ha!ha!ha! Óh Mingaxi só tu para me fazeres rir numa hora dessas. Mas vamos ainda falar a sério, já viste se a feia da Dona Feiota ouve isso? Fama sem proveito, vou ainda por cima engordar de tanta porrada e depois fico sem o ganha-pão. Ha!ha!ha!ha.
«Ha!ha!ha!ha! Vão te inflamar amiga.»
«Xé tá amarrado nem brinques com isso. Já tenho tantos problemas na minha vida.»
«Amiga hoje não vamos sair? Vamos curtir, assim relaxas e esqueces um koxe as makas. Esqueces a Minerva, a Feiota, o Canhão e a tua amiga Mizé, é amiga isso é problema ou kié. Mas não há crise Deus vai te ajudar e eu também, vamos resolver tudo.»
«Hum! Não sei amiga, sair? Amanhã não posso estar com ar de cansada tenho que guardar forças e paciência para aturar a Minerva, Fogo mas que nome, a Minerva só me enerva. Aka!»
«Ha!ha!ha!ha! Coitadinha da Luaninha. A Minerva só vai passar as 18 e até lá já terás dormido o suficiente, hoje vamos voltar mais cedo para casa, por volta das três da manhã. E em caso de bilo, estarei aqui para acudir, ha!ha!ha!»
«Nem me fales em bilo, se bem me lembro da última vez que lutei com alguém acho que devia ter uns dezassete anos ou kié, já lá vão dez anos. Mas foi um balo forte, estávamos na praia morena, acho que deviam ser treze horas e tal, a praia estava cheia, mas bem cheia, bwé de morenos, eu estava com as minhas amigas e a minha prima Ngueve, ainda lembro da cor dos calções do Chico Zé, vermelho com bolinhas brancas, ele adorava usá-los, mas ficavam-lhe tão bem tão bem tão bem, aka. Eu que já gostava dele, até a roupa mais feia eu achava que lhe ficava bem, e o pior é que a bandida da Nina também.
A Nina era a mais acesa do Liceu, adorava provocar os rapazes e eu a odiava tanto, nem imaginas oh Mingaxi, a filha da mãe tinha os rapazes todos aos pés, todos babavam por ela, mas o Chico Zé não, e isso não era nada bom para a reputação dela, o capitão da equipe de futebol do Liceu nem olhava para ela e ela não descansou enquanto não arrancou um beijo do meu Chiquinho.
«Teu Chiquinho amiga? Mas ele era teu namorado?»
«Sim, meu Chiquinho, ele não era meu namorado, mas eu tinha quase certeza de que ele gostava de mim, tanto quanto eu gostava dele. Ele era tímido, muito reservado, mas apesar disso tinha um espírito de liderança incrível, e era muito querido pelos outros rapazes da escola a excepção do Russo, um rapaz albino que por causa do problema da falta de melanina, não podia ficar exposto ao sol durante muito tempo, jogava futebol muito bem, mas volta e meia tinha que sair para descansar, e tudo o que ele queria era exibir os seus dotes a ver se era chamado pelo professor para ser o capitão mas, infelizmente para ele o professor escolheu o Chico Zé que além de craque, veloz, e um grande líder, era amigo de todos.
Pois é, o Chico não gostava de raparigas assanhadas como a Nina, ele preferia as mais calminhas, mas não podiam ser tão reservadas quanto ele, tinham que ser um bocado mais extrovertidas que ele, mas sem exageros, lembro-me dele ter dito isso ao Custódio que era o melhor amigo dele. Eu estava na mesa ao lado, isso foi na cantina lá da escola, parecia mesmo que ele estava a falar de mim, eu fiquei tão contente que fui contar a Ngueve, mas ela não se calou e foi falar com sei lá quem até chegar aos ouvidos da bruxa da Nina.
Então no tal dia lá na praia morena, estava eu tranquilamente a conversar com as meninas todas, quando a bruxinha sem medo nenhum aproximou-se e começou a dizer coisinhas que me deixaram profundamente irritada:

«Então santinha, já sabes da última, o teu Chiquinho que tanto gosta das fingidas, armadas em calminhas e boas meninas como tu, já sabe que tu não és nada daquilo que finges ser, eu fiz o favor de lhe abrir os olhinhos, (e que olhinhos), disse-lhe apenas o suficiente para ele saber quem tu és na realidade, apenas disse-lhe que tu és só mais uma daquelas miúdas do Bairro Benfica que adora namorar com senhores casados e que ainda por cima são bem mais velhinhos.
Ele fez uma cara de decepção, mas no fim acabou por aceitar a realidade e parece que não quer mais saber de ti, e no dia seguinte agradeceu-me e disse que apesar de tudo eu era uma boa rapariga, por isso merecia um beijinho, só que o beijinho transformou-se em beijão em fracções de segundos, e que beijo inesquecível. Demorou mas consegui. Agora se quiseres podes correr atrás dele, eu já consegui o que queria, podes ir lá recolher o resto, não quero nada com ele, apesar de beijar bem, é lento demais para o meu gosto. Vai lá correr atrás do teu Chiquinho do calção de bolinhas. Ha!ha!ha!ha!
«Já acabaste de falar vaquinha? É bom que tenhas acabado porque agora é tua vez de ouvir. É tua vez de ouvir, ouvir o zuiiiiiimmmm bem dentro dos teus ouvidos.

E choviam bofetadas.


«..porque depois do tungo que eu vou te dar, vais ficar surda, sua sacana de merda, bandida duma figa, assanhada, intriguista, vadia, vaca .»
«Éhhhh acudam essa bandida devíamos lhe deixar, mas acudam, já está a sangrar por causa da cabeçada, acudam. Oh Ngueve pega a tua prima eu vou agarrar a bandida, olha ainda essa só sabe puxar no cabelo da outra, no tem força aka.»

«Me deixa vou amassar essa sacana., me deixa, me deixa oh Ngueve..»

Nisso os rapazes aproximaram-se.


«Mas então qual é o problema, estão a si chapari por causa de que afinali?»
«Mas é verdade ainda, ó mocinhas mas o que é isso? Fala ainda Ngueve.»
«Essas duas estão a se chapari por causa do Sr. Chico Zé.»
«Aka, oh Chiquito você estas a ouvir isso, é por causa de você que estão a si bateri.»
«Por causa de mim?»

«Ove, Lili ainda vem aqui agarrar a Luana um bocado.volto já.»
«Oh Chiquinho ainda vem aqui, quero falar contigo longe da confusão.»
«Fala Ngueve.»
«Chico Zé, a minha prima Lua gosta muito de ti e ela pensa que tu também gostas dele, ela disse que já te ouviu a falar dela uma vez, aliás estavas a falar que gostavas de mocinhas calminhas e ela pensou que estavas falari dela. Mas hoje a bandida da Nina foi lhe dizer um monte de coisas feias, disse que falou contigo sobre a Lua e que você lhe beijaste.»
«Eu? Beijar a Nina? Nunca conversamo já, ela esta falar a toa oh coisa.»
«Nunca conversaram? Ela inventou aquilo tudo, ka, ka, ka só para te afastar da Lua, ainda essa é perigosa, mas lhe chaparam bem.»
«Ha!ha!ha! Essas miúdas. Olha Ngueve, na verdade a tua prima tem um pouco de razão, aliás ela tem muita razão, no dia que estava a conversar com o Custódio estava mesmo a falar dela, eu gosto mesmo muito dela, mas nunca lhe disse nada porque sou muito tímido, mas quero mesmo que ela seja minha namorada, não é de hoje que ando a ver o comportamento dela, ela é mesmo boa moça.»
«Ai, Chico, é mesmo verdade ela é boa moça sim, e também quer namorar contigo. Mais logo a tardinha passa lá em casa, vou arranjar maneira de vocês conversarem só os dois. Aka, você é mesmo boa pessoa Chiquinho. Até logo então, não falha.»
«Aka, logo vou mesmo bem bonito.»

Mais tarde em casa.»

«Luana minha prima agora já estas mais calma?»
«Mais ou menos prima, aquela sacana inventou um monte de coisas, agora o Chico já nem vai olhar para mim.»
«Hum..possas é verdade..mas isso vai passar, mais cedo ou mais tarde ele vai saber a verdade e..quem é?»
«Eu vou abrir Ngueve.»
«Esta bem Lua vai lá.»
«Chi..Chi..Chico..Chiquinho...


«Quem é? Vai ainda abrir Mingaxi.»
«Luana é a Dona Minerva.»
«Sim Dona Minerva?»
«Menina, vim só te avisar que estou a ir mbora na Igreja, depois vamos voltar no óbito, então amanhã deixa o dinheiro com o Zézé, nem vale a pena tentar enganar o miúdo, é melhor lhe entregar o dinheiro porque eu também estou a precisar.»
«Está bem Dona Minerva, eu vou lhe dar o dinheiro.»
«É melhor mesmo.»

Luana estava desesperada, não sabia a quem recorrer, praticamente sozinha em Luanda, uma jovem de 27 anos a cinco anos a viver em Luanda, saiu da casa dos seus tios em Benguela aos 22 anos, já não suportava viver no meio daquele clima turbulento, a tia alcoólatra, o tio um brutamontes igualmente alcoólatra. Ambos desempregados, ela e a prima tiveram que trabalhar para dar uma ajuda em casa, ambas trabalhavam no bar do Senhor Neves, excelente pessoa não fosse a mania que tinha de querer ir para a cama com todas as suas funcionárias, Ngueve não se importava, mesmo porque também tinha um fraco pelo patrão, e achava que ele seria o marido ideal para ela. Ele era dono de alguns estabelecimentos no Lobito, e era dono também deste bar na cidade de Benguela. Conseguiam ganhar algum dinheiro mas nunca era suficiente, era preciso que os pais da Ngueve contribuíssem, o que há três anos não acontecia, pois a mãe foi despedida do casarão aonde trabalhava, estava sempre a dar cabo da adega dos patrões, o pai trabalhava na empresa de fabrico de tecidos, na África Têxtil, era um talentoso desenhista, e graças a ele e mais dois colegas, os panos da fábrica onde trabalhavam estavam entre os mais bonitos de Angola, mas com o passar dos anos, o lucro da empresa foi diminuindo e assim os seus salários também, Sapalo não suportava aquela situação, queria sair dali, mas não era fácil arranjar emprego naquela cidade. Estava há seis meses sem salário, por isso tinha que viver daquilo que a mulher ganhava, mas infelizmente a mulher ficou desempregada. Sapalo batia na mulher e em quem tentasse acudi-la. Cassinda saia de manhãzinha e só voltava a noitinha já toda embriagada e por isso já nem se importava com a porrada. Ngueve e Lua já eram crescidas e decidiram trabalhar para ajudar no sustento da família.
Lua queria de alguma maneira agradecer o facto de os tios a terem acolhido quando perdeu a família que tinha sido vítima de uma cidente doméstico, uma vela acesa na toalha de mesa e foi suficiente para mandar a casa pelos ares. Perdeu os pais e os dois irmãos, e só se safou porque no momento da explosão estava justamente a passar um fim de semana em casa da sua tia Cassinda irmã da sua querida mãezinha.
Cassinda acabou por falecer, vítima de uma Cirrose alcoólica aguda, Ngueve casou-se com o patrão que a levou para Moçambique onde vive até hoje com os seus dois filhotes, é viúva e não herdou nada do marido pois todos os imóveis foram confiscados. Neves, não pagavam os impostos. Não suportou ver todos os seus bens serem lhe retirados e teve um Ataque Cardíaco, morreu assim aos 63 anos.
Lua não teve outra alternativa senão aceitar o convite de uma amiga benguelense que já vivia em Luanda há muitos anos, e que conseguiu entrar para a conceituada agencia de modelos Cahombo’s Models, a melhor agência da cidade, e tinha agenciada os melhores top model’s de Luanda, também os mais internacionais, que passou a ser também o caso de Luana, que por ser detentora de um conjunto de ossos de causar inveja, e de uma altura desejada por qualquer basquetebolista, teve a sorte de ser logo contratada. Mas infelizmente a Agência tinha apenas nome, não era lá muito séria, pelo menos com os modelos. O responsável máximo era ganancioso e pretendia enriquecer a custa daqueles jovens talentos, que por serem fascinados por aquele mundo não abandonavam o barco, outros não o faziam porque arranjar outro emprego na capital super povoada não era fácil para ninguém.


Já eram vinte horas e Lua não tinha até ao momento nenhuma alternativa. A amiga Mingaxi não a podia ajudar, nem conta bancária tinha, vivia com as tias e as primas lá mesmo no Bairro Popular, na sua casa era cada um por si e Deus por todos, ela nem sequer tinha um emprego.
Ambas pensaram e nada. Apesar de tudo Mingaxi estava sempre bem disposta para farrar, fez uns contactos e conseguiu convites para a festa de inauguração da Boite Nguenda, convenceu Lua a ir com ela, mas Lua estava sem vontade nenhuma, Mingaxi insistiu tanto e conseguiu convencer a amiga. Lua vestiu o primeiro trapo que lhe apareceu a frente e quando eram meia-noite chegaram a Baixa de Luanda, mais uma vez Mingaxi teve que dar uns beijinhos ao Mané em troca da boleia e do convite para a inauguração da Boite. Ficaram os três para a festa, que por sinal estava quentíssima, mas Lua estava mesmo preocupada e mal disposta, estava macambúzia e nem conseguia mostrar os marfins em condições por mais piadas que a amiga dissesse, e olha que ela é mesmo boa nisso e Lua sempre acha graça, mas não desta vez.

Lua afastou-se por instantes para ir à casa de banho, quando de repente:

«Olá senhorita Lua, como está?»
«General Canhão?»
«Então passa-se alguma coisa, está com algum problema? Está triste e parece preocupada também.»
«Não, é impressão sua, está tudo bem»
«Não tente disfarçar com este sorriso forçado, eu conheço bem o seu sorriso, está preocupada sim, eu já lhe disse uma vez e volto a repetir, pode ligar para mim a qualquer hora, sempre que precisar, eu farei tudo o que estiver ao meu alcance para ajuda-la, não sei o na realidade a preocupa neste momento mas tenho a impressão de que a posso ajudar, diga-me por favor..»
«..não se preocupe comigo está tudo bem, com licença preciso de ir à casa de banho..passe bem.»

Quando Lua voltou da casa de banho foi ter com a amiga.

«Mingaxi vamos embora estou mesmo muito mal disposta, e não quero voltar a cruzar com certas pessoas, já tenho problemas suficientes, pede ao Mané para irmos para casa, se quiseres podes voltar com ele mas deixem-me em casa por favor.»
«Luana para com isso, vamos ficar mais um coxe daqui a uma hora bazamos ya? Amiga aproveita a festa está tão boa. Calma lá»
«Mingaxi, vamos embora por favor, vou a pé..»
«Duvido, para lá com isso. Luana, oh Luana vem cá, Luana»
«Vamos dançar Mingaxi, adoro essa tarraxinha do João Ramos»
«Lu.. Mané a Lua esta a ir embora a pé..»
«Achas que sim? Fica calma vamos lá dançar depois vais lá.»
«Yá tens razão ela não vai nada bazar.»

Luana saiu da boite decidida a ir a pé, mas parou e pensou, sabia que a cidade não era nenhum paraíso e não podia sair da baixa até ao popula a pé e ainda por cima sozinha.

«Senhorita Luana.»
«O Sr. outra vez? Por amor de Deus deixe-me em paz, não quero mais problemas.»
«Problemas? Então eu estava certo, a senhorita tem problemas mesmo. »
«Mas quem disse que eu tenho problemas?»
«Você acabou de dizer .»
«EU NÃO DISSE NADA DISSO.»
«Acalme-se, não precisa de gritar comigo, eu só a quero ajudar, diga-me o que é que se passa eu tentarei ajuda-la.»
«Meu Deus!! Já lhe disse que não preciso da sua ajuda, deixe-me em paz, eu só quero ir para a casa dormir, esquecer tudo e..»
«Está bem, eu deixo-lhe em paz se me deixar leva-la para a casa, prometo que não faço mais perguntas.»
«Está bem, eu aceito a boleia, mas é só porque não tenho outra alternativa.»


Durante a viagem, o silencio foi ensurdecedor, até que Canhão quebrou o gelo.

«Lua, divorciei-me da minha mulher por tua causa, já não aguentava mais viver ao lado daquela mulher insensível, gorda, rabugenta, chata e feiosa, desde a primeira vez que te vi, penso em ti todos os dias e todas as noites, és meiga, bem educada, és única e ainda por cima não és interesseira, como se não bastasse és bonita, a mais bela de todas as mulheres.»
«Mas..»
«Ainda não terminei..eu sei que não vai ser fácil, mas vou fazer de tudo para que sejas feliz de preferência ao meu lado, quero que sejas a minha eterna companheira, faço tudo o que tu quiseres, serei só teu, juro-te que já não me deixarei enganar por essas mocinhas bonitinhas que só querem partir o meu braço, és a Mulher que eu sempre quis, tu não és bonitinha como as outras és maravilhosa, contigo eu sei que serei feliz, tu não és mulher de uma noite, és mulher para a vida inteira. Eu imploro-te fica comigo, eu sei que és solteira eu também sou, quer dizer estou a tratar dos papeis do divórcio. Não vai ser fácil, a minha ex – mulher e os meu filhos já estão contra mim, mas eu não me importo, desde que tu estejas comigo, o resto não tem importância.»
«Mas..mas..o Senhor está bem? Tem certeza que não está com febre? Você deve estar a delirar, ou no mínimo deve estar com os copos, ou então já sei você deve ser daqueles senhores que raramente assiste novelas brasileiras, mas ultimamente tem visto em excesso, e como sabe que as mulheres adoram novelas, deve ter pensado que essas falas de novela me convenceriam de que está a falar a sério, não é isso? Você só pode estar maluco. »
«Porquê que não acredita em mim? Tudo o que disse é verdade, foi amor a primeira vista, parece coisa de novela, mas eu nem sequer assisto a essas coisas, não gosto nada de ver, porque já se sabe o que vai acontecer..o meu caso é pura realidade, o que sinto por ti é verdadeiro, eu pedi o divórcio a minha mulher porque estou disposto a ficar contigo, e sei que hei-de conseguir conquistar o teu coração.»
«Estou sem palavras, não sei se fez e se sente isso tudo que falou, mas ..não posso aceitar o seu pedido, já ouvi a fama da sua esposa, e não quero ter problemas com ela, no mínimo vai sobrar tudo para mim, ela ainda vai me dar uma tareia e depois já viu.»
«Não se preocupe, eu já disse a ela para não fazer nada contra ti, porque a culpa é minha e de mais ninguém, e também disse a ela que contratei seguranças para andar contigo e para guardar a tua casa, aliás, não queres mudar de casa, esse bairro não é muito seguro e tu vives sozinha.»
«Eu sei que o bairro não é muito seguro e eu vivo sozinha, o quarto é bem pequenino, mas também não cabe nem mais uma formiga lá dentro, e ainda tenho que pagar a dívida a dona dessa espelunca..Ai meu Deus já falei atoa.»
«Não pares de falar minha linda, fala do que te aflige, abre-te comigo, sou teu amigo e quero ser muito mais do que isso, quero que vejas em mim aquele com quem podes contar, em quem podes confiar, fala amorzinho.»

Lua tentou, fez coragem, mas não conseguiu conter-se, as lágrimas tomaram conta do seu lindo rosto, Canhão comovido chorou com ela sem sequer saber o que a deixava naquele estado, nem parecia o mesmo homem, o General temido por muitos e que só chegou aonde chegou por ser o durão que todos conheciam, mas naquele instante chorou como se a dor fosse dele também, nem ele nem a Lua acreditavam no que se estava a passar.

«Deixa-me ajudar-te diz-me o que se passa.»

Ela fez um tremendo esforço, mas lá contou o que a afligia.
Canhão ofereceu-se para pagar a dívida e dar-lhe um apartamento maior mas Luana negou, agradeceu por tudo, mas não aceitou a ajuda que Canhão lhe oferecera. Despediu-se dele e foi para a casa, chorou tanto, tanto, tanto que quando deu por ela já eram duas da tarde, chorou, mas acabou por adormecer despertou as duas porque alguém batia insistentemente na porta, era a sua amiga Mingaxi.

«Amiga, fiquei preocupada, liguei-te e só caia na caixa de correio, eu e o Mané saímos a ver se te encontrávamos, ainda perguntamos aos putos que ficam ali a ver os carros se te tinham visto a bazar a pé, mas um deles disse-me que tinhas bazado com o General Canhão, é verdade?»
«É verdade amiga, nem eu mesma acredito que vim com ele para a casa.»


As duas ficaram o resto da tarde na conversa, Lua contou tudo a amiga, que ficou estupefacta com o que ouvia, só achava que a amiga devia ter aceite a ajuda do General, que se mostrou disposto a ajudar e em troca queria apenas a companhia dela. Para Mingaxi não custava nada tentar já que ela estava livre e ele também segundo o que ele mesmo disse, e ela achava que pela maneira sincera como falara, ele merecia um voto de confiança. Por isso, sem consultar a amiga, pois já sabia o que ela lhe diria, telefonou para o General, enquanto Lua dormia mais um bocadinho, marcaram um encontro e recebeu a quantia exacta para o pagamento da renda que a amiga devia há três meses. Eram necessários apenas seiscentos dólares, mas o General fez questão de dar quatrocentos dólares a mais caso fosse necessário. Mingaxi tratou de tudo com o Zézé e quando eram vinte horas foi ver como estava a sua querida amiga, contou-lhe tudo o que fizera sem o seu consentimento e...

«Porras, Mingaxi, fizeste isso porquê? Ele assim deve estar a pensar que eu sou uma fingida armada em que não queria mas no fim aceitei me vender, como mais uma dessas bandidas que só sabem partir o braço dos Generais, eu nem quero saber, vais ligar para ele e dizer que vais devolver o dinheiro, vai já ao Zézé buscar o dinheiro, e podes chamar os miúdos para nos ajudarem a pôr os meus trapos na rua, vou dormir debaixo da ponte, vou ser assaltada e violada por dois seropositivos..porra,mas também nessa merda de cidade nem ponte tem. aka»
«Amiga o que é isso, fica calma, tu não te vendeste coisa nenhuma, ele sabe muito bem que eu fiz tudo sozinha, eu disse-lhe que tu não sabes de nada.»
«E achas que ele acreditou? Foda-se tu és minha miga, no mínimo ele deve ter achado que eu te pedi para inventares essa porcaria toda, só para poder ter o dinheiro, achas que foi fácil para mim dizer que não queria o dinheiro, eu bem quis aceitar de uma vez, mas pensei nas consequências. Agora devo-lhe mil dólares, sabias que aumentaste ainda mais a minha dívida, ahn, sua burra, agora devo dinheiro a um General e logo quem, foda-se parece que não pensas pá..»
«Eu nem vou te ligar porque se eu me chatear nem sei aonde é que isso vai parar, tu é que estas armada em parva, burra és tu, quem disse que deves dinheiro ao General, não deves porra nehuma pá, ele deu-te o dinheiro, não foi um empréstimo, sua parva fica lá mazé quieta porque já não tens que aturar a Dona Minerva, pelo menos por enquanto.»
«Fogo, tu também, nem sei que ideia maluca foi essa, mas está tudo bem, foi para me ajudar e, está bem, agora é comigo, por favor não voltes a fazer isso, e nem te metas mais nisso, obrigada pela ajuda, mas agora deixa por minha conta, eu depois falo com o General.»
«Está bem amiga, mas vê ela se ficas mais calma. Eu agora tenho que bazar tenho um compromisso inadiável, eu e o Mané, já sabes ..»
«Pois é só tinha mesmo que dar nisso, tantas boleias...vai-te embora sua maluca.depois falamos.»

O resto domingo foi mais calmo. Mas Lua não parava de pensar no dia seguinte, tinha que falar com Canhão por mais que lhe custasse, tinha que esclarecer tudo, e dizer abertamente que não teve nada a ver com o plano da amiga e que não pretendia ter nada com ele, que no máximo podiam ser bons amigos.
Na segunda-feira a primeira coisa que fez foi ligar para o General, mas foi em vão, o telefone chamava e ninguém atendia. Insistiu durante a manhã toda mas, nada.
Sasha ligou para ela a dizer que tinha que estar na Agencia as 15 horas pois teriam uma reunião e a seguir ensaios, já que se aproximava mais uma temporada agitada, em breve se realizaria um dos maiores eventos de moda da capital, o Luanda Fashion Week, receberiam estilistas internacionais e por isso os modelos tinhas que dar o seu melhor, já que em ocasiões do género alguns modelos recebiam grandes propostas de Agências Internacionais. Luana recebeu o pagamento dos desfiles que fizera anteriormente, participou do ensaio e mais tarde voltou a ligar para o General que mais uma vez não atendeu. Decidiu então não voltar a ligar.
Mas surpreendentemente o telefone tocou e era o General, ou melhor era uma chamada feita a partir do número dele mas a voz do outro lado da linha não era nada masculina.

«Oh minha cabra de merda, não achas que já chega de ligar, o filho da mãe do Canhão viajou e esqueceu de dizer às suas vaquinhas, agora estão todas a ligar e eu faço questão de despachar uma por uma, não voltes a telefonar se não queres ter problemas maiores.»

E sem ter dito uma única palavra, Luana olhou para o telefone e ficou totalmente sem palavras.
A noitinha contou tudo a Mingaxi que como tinha muitas amizades sabia das novidades a tempo e hora.

«Amiga, afinal não sabes, parece que o General foi chamado para ir ajudar a resolver uma maka lá em Zimbabué, parece que tem lá uma guerra que nunca mais acaba e como os angolanos parece que são bons em ajudar os outros a resolver essas coisas, o Presidente mandou uns tantos para lá e o General também foi chamado, assim de emergência, acho que vão ficar lá pelo menos dois anos.»
«Ai é? Afinal? Aka, isso afinal é assim vão assim de emergência, aka, não queria nada ser militar.»
«Yá, amiga, é duro...mas fala..e o Luanda Fashion Week começa quando?»
«Fogo, tu também só pensas nisso, aka..vai começar na próxima segunda feira, estou a rezar para ser contratada por uma Agência Europeia, já não suporto o Sasha.»
«Aquela gaja é mesmo chata né amiga? Tu mereces coisa melhor, também rezo bwé por ti.»
«Aka, obrigada amiga.»

O resto da semana foi tranquilo. Na semana seguinte realizou-se o Luanda Fashion Week, a Agência Sul Africana de Moda “Kwazulo Fashion” contratou alguns modelos angolanos e Lua não ficou de parte, o contrato era de cinco anos, e ao fim desse tempo os modelos podiam continuar agenciados caso quisessem, ou podiam voltar para Angola.
Mas Luana optou por continuar na Africa do Sul, tinha um pequeno apartamento próprio, preferiu abandonar o mundo das passerelles mas continuou a fazer trabalhos somente como modelo fotográfico, conheceu Abdul, um moçambicano residente na África do Sul há 15 anos, apaixonaram-se mas não se casaram, nenhum dos dois pretendia fazê-lo, nem sequer viviam juntos, e parece que a decisão dos dois de continuar assim foi a mais acertada.
«Então amor a sessão fotográfica já acabou? Jantamos juntos ou quê? Queres que eu vá para tua casa ou vens tu para minha?»

Indira Mateta

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